Lançamento do 5G nos EUA: por que o medo de voos interrompidos desapareceu

O lançamento do novo serviço sem fio 5G nos EUA não teve o tão temido resultado de prejudicar as viagens aéreas, embora tenha começado de maneira difícil, com companhias aéreas internacionais cancelando alguns voos para os EUA e problemas pontuais aparecendo em voos domésticos.

Autoridades do setor aéreo dizem que a decisão da AT&T e da Verizon – sob pressão da Casa Branca – de adiar a ativação de torres 5G perto de muitos aeroportos desarmou a situação.

O atraso está dando à Administração Federal de Aviação mais tempo para liberar mais aviões para operar livremente em redes 5G. Na quinta-feira, a FAA disse que concedeu novas aprovações que permitirão que cerca de 78% da frota de companhias aéreas dos EUA faça pousos mesmo sob condições de baixa visibilidade em aeroportos onde o novo serviço sem fio mais rápido foi ativado.

Isso ainda deixa cerca de um quinto da frota vulnerável a ser impedido de pousar em alguns aeroportos durante o mau tempo, mas esse pedaço certamente diminuirá. Os CEOs da American e da United dizem que não esperam grandes interrupções nos voos.

Aqui está um resumo do que aconteceu.

Qual é a preocupação?

As empresas de telefonia celular estão lançando o serviço 5G de próxima geração há alguns anos, e essa última fatia, a chamada C-Band, ajuda a tornar a AT&T e a Verizon mais competitivas com a T-Mobile. Ele promete redes sem fio mais rápidas e estáveis. Mas o 5G ainda é uma promessa e aplicativos menos reais. Por enquanto, ele permite baixar um filme muito mais rápido. Mas o setor de telecomunicações o considera crítico para veículos autônomos, manufatura moderna, cidades inteligentes, telessaúde e outros campos que dependeriam de um universo de dispositivos conectados à Internet.

A preocupação vem do fato de que este último bit do 5G opera em parte do espectro de rádio que está próximo ao alcance usado por instrumentos de aeronaves chamados rádio altímetros, que medem a altura das aeronaves acima do solo.

A questão foi destacada em um relatório de 2020 do RTCA, um grupo de pesquisa de aviação, levando pilotos e companhias aéreas a soarem alarmes sobre possíveis interferências de rádio que poderiam comprometer a segurança. A indústria de telecomunicações, liderada pelo grupo comercial CTIA, contesta o relatório de 2020 e diz que o 5G não representa risco para a aviação.

Por que as companhias aéreas cancelaram alguns voos para os EUA esta semana?

As companhias aéreas internacionais cancelaram alguns voos que estavam programados para operar assim que as novas redes entraram em operação. Eles temiam não conseguir pousar em seus destinos sob restrições relacionadas ao 5G impostas pela FAA.

Quantos voos?

As companhias aéreas cancelaram mais de 350 voos na quarta-feira, de acordo com a FlightAware. Parece muito, mas são apenas 2% de todos os voos programados – e é provável que a maioria deles tenha sido cancelada por outros motivos. Para contextualizar, houve quase 10 vezes mais cancelamentos em 3 de janeiro, quando as companhias aéreas lutaram com o clima de inverno e um grande número de funcionários ligando para o COVID-19.

O problema está resolvido?

Não, embora a FAA diga que está progredindo ao determinar que mais altímetros sejam adequadamente protegidos contra interferência de sinais de banda C 5G. Aviões com determinados altímetros podem nunca ser aprovados, o que significa que os operadores provavelmente teriam que instalar novos equipamentos para pousar em todos os aeroportos.

Isso é um problema apenas nos EUA?

Para a maior parte sim. A FAA diz que há várias razões pelas quais o lançamento da banda C 5G tem sido um desafio maior para as companhias aéreas nos EUA do que em outros países: as torres de celular usam uma força de sinal mais poderosa do que as de outros lugares; a rede 5G opera em uma frequência mais próxima daquela que muitos altímetros usam, e as antenas da torre de celular apontam para um ângulo mais alto. A CTIA contesta as alegações da FAA.

Na França, as redes 5G próximas aos aeroportos devem operar com potência reduzida para diminuir o risco de interferência nos aviões.

O lançamento do 5G está completo?

Não. A Verizon e a AT&T ativaram cerca de 90% de suas torres 5G C-Band esta semana, mas concordaram em não ativar aquelas dentro de um raio de 2 km de muitos aeroportos. As empresas ainda querem ativar essas torres, mas pode não haver acordo até que a FAA esteja convencida de que uma grande parte da frota aérea pode operar com segurança em torno dos sinais.

Quais empresas estão envolvidas na questão?

Além das duas grandes empresas de telecomunicações, a lista inclui os fabricantes de aeronaves Boeing e Airbus e os subcontratados de altímetros Collins, Honeywell e Thales. Depois, há as companhias aéreas, cujo alerta terrível nesta semana de cancelamentos generalizados de voos aumentou a pressão sobre as empresas de telecomunicações para atrasar a ativação desse tipo de serviço 5G nos aeroportos.

De que lado está o governo?

Ambos.

A Comissão Federal de Comunicações, que realizou o leilão de US$ 80 bilhões (aproximadamente Rs. 5,95,790 crore) que concedeu o espectro de banda C à Verizon e à AT&T, diz que há margem suficiente entre essa fatia de 5G e altímetros de aeronaves para segurança. Mas a FAA e o secretário de Transportes Pete Buttigieg ficaram do lado das companhias aéreas na disputa. Eles pediram às empresas de telecomunicações que atrasassem sua implantação nos aeroportos.

Alguns especialistas dizem que a falta de coordenação e cooperação entre as duas agências federais é tão culpada quanto qualquer problema técnico.

Por que chegou a uma crise?

Isso não deveria ter acontecido. A FAA e as companhias aéreas sabiam bastante que a banda C estava chegando – há anos se fala nisso. Eles dizem que tentaram levantar suas preocupações, mas foram ignorados pela FCC.

O CEO da American Airlines, Doug Parker, indicou que estava feliz com a resolução, mas não com o processo.

"Não foi nosso melhor momento, eu acho, como país", disse ele.

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